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Publicação

junho 15, 2022
Pedro Pereira
Cushman & Wakefield

Lisboa: Uma estrela ascendente no mercado de turismo residencial europeu

turismo em portugal

Lisboa, e Portugal em geral, são tendências afirmadas no mercado residencial europeu. Clima ameno, posição geográfica favorável, talento especializado, alto índice de segurança, história rica e cultura, qualidade de vida e preços acessíveis, são alguns dos muitos fatores que combinados diferenciam Portugal no mercado global. Todos esses fatores são evidenciados no mais recente estudo da Savills, que classificou os 15 principais mercados residenciais preferidos pelos nómadas digitais, considerando fatores como velocidade da internet, qualidade de vida, clima, conectividade do transporte aéreo e preço dos alugueres, e elegeu Lisboa como a escolha preferida à frente de Miami e Dubai.

Devido a esta tendência, é esperado que os preços continuem a subir em Lisboa, uma vez que a procura continuará a superar a oferta (gráfico 1). Em Lisboa, há um longo caminho a percorrer para desenvolver a oferta residencial disponível no mercado, não só em quantidade, mas também em tipologia. Existem bairros e zonas em rápido desenvolvimento, como Marvila ou Beato, mas ainda há muita reabilitação a fazer nas zonas mais centrais.

Gráfico 1 – Evolução do preço na venda de apartamentos e Lisboa desde 2012 (€/m2)

Extraído de: Cushman & Wakefield, Marketbeat Portugal (março, 2022)

Segundo o SIR/Confidencial Imobiliário, os valores médios de venda em Lisboa registaram o ano passado crescimentos homólogos, nomeadamente de 6%, para os €6.100/m², nos apartamentos novos e de 4%, para os €3.870/m², nos apartamentos totais (novos e usados). Entre estes últimos, os valores mais elevados continuam a ocorrer no Centro Histórico (€5.270/m²) e na zona tradicional (que registou o maior aumento, de 10%, para os €4.820/m²). Por influência dos novos projetos residenciais em Marvila, a zona periférica registou o segundo maior aumento (+7%), embora ainda assim continue a registar o valor unitário mais baixo (€2.800/m²).

Exibindo níveis de atividade cada vez mais elevados, o mercado residencial português continua a ser um íman de atração de compradores internacionais, que pesaram 40% das vendas realizadas até ao final do 1.º trimestre de 2022. Entretanto, e mesmo com o investimento crescente no lançamento de novos produtos, a procura continua a exceder largamente a oferta disponível, num cenário que se espera que continue a sustentar os atuais níveis de preços aos longo dos tempos mais próximos.

O alívio de algumas das restrições à circulação de turistas que haviam sido impostas no âmbito do combate à pandemia no início do ano passado, contribuiu para uma forte recuperação da atividade turística, com o número de dormidas e de visitantes em Portugal a quadruplicar nos dois primeiros meses de 2022 face a 2021, enquanto nos hotéis o diferencial dos principais indicadores da performance face ao observado no pré-pandemia é cada vez menos significativo, havendo mesmo exceções em que novos recordes estão já a ser ultrapassados.

No mesmo sentido, a atividade de Alojamento Local iniciou uma trajetória de crescimento na segunda metade de 2021, apesar da quebra na oferta resultante do direcionamento de vários imóveis para o arrendamento de longa duração e dos seus indicadores representarem somente metade dos valores registados em 2019.

O destaque internacional que Lisboa tem tido nos últimos anos é inegável, sendo muitos os prémios de reconhecimento que a cidade tem ganho, designadamente:

  • Best City Breal Destination in the World, por World Travel Awards 2020;
  • A Must-see City for Young Workers in Europe Center for the Future of Work, por Cognizant;
  • Lisbon 7th Place in the Ranking of the 10 Cities in the World With Best Quality of Life, por Monocle Magazine, 2021;
  • Most Desirable Short Distance City, por Wanderlust Travel Awards, 2021;
  • Europe’s Most Culturally Dynamic City, por European Comission, 2019;
  • City of the Year, por Design Awards 2017, Wallpaper Magazine.

Renascida após um longo e profundo processo de regeneração urbana, a cidade de Lisboa sofreu alterações sociodemográficas e económicas que modificaram completamente a sua dinâmica, transformando-a numa moderna e inovadora metrópole urbana. O processo de regeneração urbana, responsável pela mudança de uso de edifícios de escritórios e edifícios residenciais para fins turísticos, a par de um aumento muito expressivo de novos projetos residenciais destinados ao mercado de segmentos mais altos e de alta qualidade, tem vindo a posicionar-se como uma possibilidade de investimento muito atrativa.

À medida que a cidade aumenta a sua notoriedade e visibilidade no contexto global, sendo, já hoje, sede de muitas empresas internacionais e palco de eventos internacionais, também se está a tornar numa atração para novas nacionalidades de compradores e moradores que desempenham um papel ativo na mudança da cidade. A cidade tornou-se cada vez mais atrativa para compradores estrangeiros, impulsionada primeiro pelo turismo e depois por mecanismos fiscais como o “Golden Visa” e o “Residente Não Habitual”.

Não foram apenas as novas preocupações de saúde e segurança que a pandemia de Covid-19 trouxe para a vida quotidiana. Portugal agora conhece novos habitantes trazidos pela pandemia e pela prática mais generalizada de novos modelos híbridos de trabalho. Motivados pela maior flexibilidade do trabalho remoto, os nómadas digitais, freelancers e profissionais expatriados encontram em Portugal um porto seguro para viver, ajudando a dinamizar e a moldar o mercado residencial português. Nos últimos dez anos, o número de estrangeiros a residir em Portugal aumentou 40%, para mais de meio milhão de pessoas e com um peso de 5,4% no total da população portuguesa.

JoKassis

Fonte: Jo Kassis | Pexels.com

Nos últimos dois anos, Lisboa tornou-se um destino para quem procura a azáfama de uma típica capital europeia, mas oferecendo uma combinação equilibrada de negócios, cultura e lazer. Um novo dinamismo social tomou conta de Lisboa, com uma mistura de novas nacionalidades que dão vida a zonas e bairros outrora esquecidos da cidade, que são agora alvo de novos projetos imobiliários residenciais modernos e de qualidade, complementados pelo apoio do comércio local.

Lisboa Smart City

A cidade oferece atualmente uma gama de meios de mobilidade sustentáveis que permitem a quem entra nos seus limites deslocar-se facilmente. A pé, de bicicleta, trotineta elétrico, transporte público ou veículos partilhados, o leque de possibilidades está em crescimento, dentro de um quadro global de desenvolvimento sustentável.

Uma cidade inteligente visa atrair mais moradores, aumentar a qualidade do seu parque residencial, atrair investidores, oferecer novos modelos residenciais alinhados com as tendências demográficas, culminando no aumento da qualidade de vida dos seus habitantes através da aplicação de eficiência energética, mobilidade e medidas de coesão social. Lisboa, juntamente com Londres e Milão foi eleita para União Europeia uma das Cidades Inteligentes. Lisboa foi reconhecida pela sua capacidade de se tornar numa cidade mais competitiva, inovadora, sustentável e criativa.

Lisboa foi Capital Verde Europeia em 2020, sendo considerada exemplo de aposta na promoção de medidas de mobilidade sustentável e ecologicamente mais responsável. Em 2030, a cidade ambiciona reduzir o uso de automóvel privado em 28%, dando crescente importância ao transporte público, pedonal e de bicicleta.

SplashFonte: Cassia Tofano | Unsplash

Mais recentemente, a pandemia deu um novo impulso à fixação de estrangeiros em Portugal. A possibilidade crescente de trabalho remoto e a digitalização, aliadas à proximidade com a maioria das capitais europeias, tornam Portugal estrategicamente bem posicionado para domiciliar uma profissão que não exige assiduidade regular ao escritório. Embora a população residente em Portugal tenha diminuído nos últimos 10 anos, a população residente estrangeira aumentou 52%, segundo dados do INE.

O mercado nacional, com Lisboa em destaque reúne todas as condições para ganhar robustez ao longo do ano, pois existe uma procura real para escritórios e para habitação, e, no que respeita ao investimento, Portugal continua a estar muito bem posicionado para disputar a elevada liquidez disponível no panorama internacional. O nosso mercado não perdeu atratividade para a procura estrangeira, quer seja para compra de produto final, quer para compra como investimento.

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