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Viagens corporativas em 2025: tendências e comportamentos

Em 2025, as viagens corporativas continuam a crescer face aos anos anteriores, mas enfrentam uma perspetiva mista, com reduções seletivas, pressões de custos e alterações nas expectativas dos viajantes.

Pedro Pereira
Deloitte, GBTA, booking.com
11 novembro 2025

Introdução

Todas as tendências do sector das viagens apontam para um grande regresso das viagens de negócios. Mesmo com uma força de trabalho híbrida, as equipas estão novamente a viajar em pessoa e espera-se que as despesas globais com viagens de negócios ultrapassem rapidamente os níveis pré-pandémicos este ano.

Embora as tendências das viagens de negócios continuem a ser essencialmente otimistas, há alguns desafios a ter em conta. Os fenómenos meteorológicos graves podem causar perturbações e são cada vez mais frequentes. Além disso, as tensões geopolíticas são uma tendência a que os gestores de viagens têm de estar atentos.

Em 2025, as viagens corporativas continuam a crescer face aos anos anteriores, mas enfrentam uma perspetiva mista, com reduções seletivas, pressões de custos e alterações nas expectativas dos viajantes.

O caminho de volta à procura expectável por viagens corporativas no pós-pandemia parece envolto em várias nuances em 2025. Após dois anos ininterruptos em direção à recuperação deste segmento, a perspetiva sobre as viagens corporativas é agora marcada pela adoção de comportamento simultaneamente mais cuidadosos e com mais subtilezas. Durante 2024, era comum entre as empresas estarem focadas na redefinição de seu valor e a testar métricas de retorno sobre o investimento, metas de sustentabilidade e alinhamento estratégico, deixando em segundo plano a reativação das viagens. Em 2025, embora muitas empresas planeiem aumentar os gastos com viagens, outras há, especialmente entre organizações maiores, que estão em dinâmicas de retração, o que complicam o desenho de cenários com clareza.

Neste âmbito têm sido publicados vários estudos entre os quais um da Deloitte, realizado em julho de 2025. Este estudo baseia-se em dois inquéritos dirigidos a três grupos principais de stakeholders: gestores de viagens, líderes de equipa que alocam orçamentos de viagens e os próprios viajantes corporativos.

Dimensão económica das viagens corporativas

Este é um segmento muito importante das viagens internacionais e com uma dimensão crescente e cada vez mais globalizada com a ascensão de outras regiões mundiais para além da Europa e da América do Norte. O ano de 2024 marcou a recuperação completa face aos melhores resultados pré-pandemia e 2025 será o primeiro ano com ganhos efetivos face aquele momento. As previsões apontam no sentido de um crescimento imparável até ao final da década (gráfico 1).

Em 2024, a região Ásia-Pacífico liderou os gastos em viagens corporativas à escala global, com pouco mais de 40% do valor despendido, seguido pelos mercados com mais tradição neste segmento, a Europa e a América do Norte, com resultados muito próximos entre si (gráfico 2).

Gestão de orçamentos de viagens corporativas

Embora a maioria das grandes empresas inquiridas tenha relatado que espera aumentar as viagens, os resultados do inquérito aos gestores de viagens corporativas indicam que as grandes empresas estão a cortar neste tipo de gastos. Uma em cada cinco empresas de maior dimensão espera reduzir o orçamento em 2025, e apenas 59% esperam aumentos, marcando um forte contraste com as empresas de menor dimensão (gráficos 3a e 3b).

Tendências de gastos e propósito das viagens

As empresas estão a reavaliar o retorno sobre investimento (ROI) das viagens, direcionando os orçamentos para atividades com maior impacto comercial. Os principais motores de crescimento das viagens corporativas em 2025 incluem contactos presenciais com stakeholders externos, novos negócios, sessões de formação e eventos ao vivo. Os eventos presenciais continuam a ser o maior impulsionador universal, e a formação corporativa aparece como o segmento de crescimento mais acelerado (gráfico 4).

Motivos de retração das viagens corporativas: custos e sustentabilidade

Os custos consolidam-se como o principal entrave às viagens corporativas. Em 2025, 54% dos gestores apontam as despesas como fator limitador. As metas de sustentabilidade vêm logo atrás, citadas por 48% dos entrevistados.

As empresas de maior dimensão enfrentam dois tipos de pressão diferentes: preços mais altos e compromissos ambientais mais rigorosos. As preocupações com o controlo de custos alargaram-se. Inicialmente, recaiam sobretudo sobre o custo das viagens aéreas e foram alargadas para outras componentes da viagem, como o alojamento e os gastos no destino (gráfico 5). Também as relações com fornecedores mostram sinais positivos, fazendo um maior uso de tarifas dinâmicas e colaboração para otimização de preços.

Viagens responsáveis e oportunidades emergentes

Neste momento, a sustentabilidade é uma componente estrutural das políticas de viagem. Quase metade das empresas (48%) estão a procurar adotar práticas para reduzir o impacto ambiental e 45% afirmam a necessidade de cortar as viagens em 20% ou mais, para atingir as metas de emissões. As medidas incluem priorização de companhias aéreas que utilizam combustíveis sustentáveis (SAFs) e sinalização de opções sustentáveis nos sistemas de reserva de alojamento (gráfico 6a e 6b).

Inclusão nas viagens corporativas

À medida que os locais de trabalho globais se tornam mais equitativos e diversificados, as tendências atuais de viagens ditam a necessidade de se assegurarem condições de viagem inclusivas que permitam ativamente que pessoas de todas as origens se sintam seguras e apoiadas quando viajam em trabalho. Como tal, deverão ser revistas as políticas de viagens das empresas, para se manter a par destas tendências recentes e garantir que as opções de acesso e alojamento estão disponíveis para funcionários de diferentes origens e capacidades.

A política definida não poderá deixar de ter em conta aspetos culturais, de segurança dos viajantes, dever de cuidado e requisitos de acessibilidade. O cumprimento destes pontos garantirá a criação de um ambiente de viagem mais seguro, acolhedor e inclusivo para todos os colaboradores.

Canais de reserva e comportamento dos viajantes

O comportamento dos viajantes corporativos está a alterar-se com o avanço da tecnologia. O número de viajantes frequentes que seguem as regras de reserva aumentou de 43% para 49%. O uso de agências de viagens online (OTAs) diminuiu, enquanto cresceram as reservas diretas com companhias aéreas e hotéis e o uso de plataformas corporativas.

Essas melhorias estão a colmatar a lacuna entre conveniência e conformidade, reduzindo o número de reservas fora dos canais oficiais (gráfico 7).

Conclusões e perspetivas

Do conjunto de aspetos anteriormente referidos, pode concluir-se que o mercado de viagens corporativas está em transição. As empresas estão a aprender a equilibrar custos, sustentabilidade e produtividade ao redefinir o papel das viagens no ecossistema pós-pandemia. As grandes tendências incluem seleção estratégica de viagens, disciplina orçamental, adoção tecnológica, pressão ambiental e parcerias colaborativas.

Para os fornecedores de viagens, o relatório recomenda agilidade, inovação e foco em insights de valor. O ano de 2025 é um ano de equilíbrio e transformação: as viagens corporativas continuam a crescer, mas de maneira mais seletiva, sustentável e estratégica.