O setor de viagens e turismo é um motor essencial para o crescimento económico global, tendo representado cerca de 10% do PIB mundial em 2023 e empregando mais de 330 milhões de pessoas. Até 2034, espera-se que o setor contribua com 16 biliões US$ para o PIB global, correspondendo a cerca de 30 mil milhões de visitas turísticas.
Para além de seu impacto económico, este setor pode promover de forma ativa o intercâmbio cultural, a conexão social e a regeneração ambiental. No entanto, o setor enfrenta desafios significativos, como tensões geopolíticas, alterações climáticas e crises de mão de obra, que exigem uma transformação sustentável e colaborativa.
O relatório identifica três principais áreas de crescimento e sete pontos de tensão que moldarão o futuro do setor:
Áreas de Crescimento:
Perfis de viajantes em evolução: O crescimento das classes médias na Índia e na China, aliado ao aumento de viajantes das gerações Millennials e Z, está a transformar os padrões de viagem;
Segmentos emergentes: Turismo de eventos ao vivo, ecoturismo, MICE (reuniões, incentivos, conferências e exposições) e turismo de bem-estar estão a crescer rapidamente;
Desenvolvimento tecnológico: A tecnologia, como inteligência artificial e IoT, está a revolucionar a experiência do viajante e a eficiência operacional.
Pontos de Tensão:
Riscos de disrupções globais: Pandemias, tensões geopolíticas e alterações climáticas podem causar perdas estimadas de 6 biliões US$ até 2030;
Fricção entre visitantes e residentes: O aumento do turismo em destinos populares pode gerar tensões sociais e sobrecarga de infraestruturas;
Pressão sobre a natureza: O setor contribui significativamente para emissões de gases de efeito estufa e geração de resíduos, exigindo a adoção de práticas regenerativas;
Crise de mão de obra e competências: A necessidade de mais de 100 milhões de novos postos de trabalho até 2034 evidencia lacunas de qualificação e alta rotatividade;
Capacitação local: Pequenas e médias empresas (PME’s), que representam 80% do setor, precisam de apoio para corresponder a uma procura crescente;
Infraestrutura e investimentos: O crescimento projetado exige investimentos significativos em infraestruturas sustentáveis;
Dinâmicas culturais e patrimoniais: A expansão do turismo pode constituir uma ameaça à autenticidade cultural e ao património local.
O relatório propõe 10 princípios orientadores para conduzir a transformação do setor:
Adaptar e personalizar ofertas: Inovar para corresponder às preferências dos viajantes, mantendo a autenticidade cultural;
Desenvolver segmentos de crescimento estrategicamente: Criar ofertas especializadas alinhadas com os valores das comunidades;
Fomentar o desenvolvimento e utilização de tecnologia responsável: Usar tecnologia para melhorar experiências, proteger dados e reduzir impactos ambientais;
Desenvolver estratégias resilientes a crises: Criar mecanismos para mitigar impactos de disrupções globais;
Promover benefícios mútuos entre residentes e visitantes: Envolver as comunidades locais no planeamento turístico;
Comprometer-se com práticas regenerativas: Reduzir emissões, gerir resíduos e restaurar ecossistemas;
Superar lacunas de mão de obra: Investir em programas de desenvolvimento de capacitação e melhorar a qualidade do emprego;
Apoiar PME’s e comunidades locais: Fornecer recursos e redes para fortalecer negócios locais;
Investir em infraestruturação sustentável: Construir infraestruturas que equilibrem o crescimento com as necessidades ambientais e sociais;
Revitalizar o património local: Proteger a autenticidade cultural enquanto se promove a inovação criativa.
De forma a promover a implementação deste conjunto de 10 princípios orientadores, o WEF, destaca cinco facilitadores essenciais: infraestrutura, financiamento, tecnologia, pessoas e capacitação, e colaboração público-privada. São ainda sugeridas ações específicas para governos, empresas do setor e outros stakeholders, como instituições académicas, organizações da sociedade civil e viajantes.
Como conclusão, o WEF deixa uma visão própria para o futuro do setor.
O setor do turismo tem o potencial de ser um catalisador para a resiliência global, regeneração ambiental e prosperidade inclusiva. Mas, para alcançar esse futuro, é necessário adotar uma abordagem colaborativa e sistémica, colocando as comunidades locais e os viajantes no centro das decisões. Com a implementação dos princípios e ações sugeridos, o setor pode prosperar, enquanto contribui para os desafios globais mais urgentes, garantindo a sua viabilidade a longo prazo e promovendo um desenvolvimento sustentável e inclusivo.