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European Tourism Trends & Prospects - Q2/2024
A European Travel Comission (ETC) divulgou o seu relatório trimestral sobre o Turismo na Europa no 2.º trimestre de 2024. A presente edição do relatório European Tourism Trends & Prospects continua a acompanhar a recuperação do setor das viagens e turismo num quadro de recuperação pós-covid-19. O nível de recuperação é verdadeiramente surpreendente, dado que se verifica numa conjuntura internacional pouco favorável, em que se regista o arrastamento da instabilidade política internacional e da pressão sobre os orçamentos familiares, decorrente de uma situação de inflação, com alta generalizada dos preços, incluindo os relacionados com serviços turísticos, como por exemplo: as despesas associadas às viagens aéreas e aos custos de alojamento.
A atividade turística na Europa seguiu em grande parte uma tendência semelhante ao longo dos dois primeiros trimestres de 2024. As viagens internacionais têm crescido em todo o continente em comparação com igual período do ano passado, com as chegadas internacionais a aumentarem 12% e o número de dormidas a crescer 10%. Em comparação com os níveis pré-pandémicos, os acréscimos são de 6% e 7%, respetivamente. Os destinos do sul da Europa impulsionaram o crescimento do turismo europeu e permanecem consistentemente populares devido às suas condições climáticas favoráveis, à entrada da época alta de verão, bem como pela sua reconhecida competitividade na relação custo-benefício, que continua a ser um fator-chave para os viajantes.
Os dados nos primeiros seis meses de 2024 evidenciam que, nas três principais métricas (chegadas internacionais, dormidas e gastos), a maioria dos destinos europeus está a relatar aumentos em relação aos níveis verificados em 2019. No 2.º trimestre, Sérvia (+40%), Malta (+37%), Bulgária (+29%), Portugal (+26%) e Turquia (+22%) registaram as maiores taxas de crescimento de chegadas internacionais, enquanto os três países bálticos, Lituânia (-15%), Estónia (-16%) e Letónia (-24%) permanecem no outro extremo da escala. Relativamente às dormidas, registe-se o crescimento da Dinamarca (+38%), Noruega (+18%) e Suécia (+9%). Por fim, o maior crescimento em gastos de entrada foi registado pela Espanha (+25%), seguido da Grécia (+25%), Itália (+20%) e França (+16%).
Em 2024, os custos operacionais para as empresas de turismo e, portanto, os custos de viagem para os consumidores continuam a ser um dos temas mais proeminentes para a indústria global. As pressões inflacionistas têm sido especialmente rígidas no negócio das viagens. O nível em que esse facto está a ser considerado um risco significativo para o turismo diminuiu ligeiramente em comparação com o último trimestre. Como reflexo, o número de profissionais da indústria que destaca o aumento do custo associado à sua atividade, como um dos principais desafios para o turismo global, diminuiu de 52% para 48%. Este é especialmente o caso na Europa, onde a procura por viagens permanece forte e a inflação tem desacelerado de forma mais consistente.
Destinos de viagem, mercados de origem e modos de transporte têm-se vindo a diversificar. Em 2024, o turismo europeu está a ser influenciado por vários fatores-chave. O enfoque colocado sobre a relação custo-benefício em destinos não tradicionais, conjuntamente com o regresso dose viajantes oriundos da Ásia-Pacífico e a crescente disponibilidade de viagens ferroviárias estão a moldar, cada vez mais, o cenário turístico da Europa. A crescente quota de mercado de chegadas internacionais e dormidas nos países dos Balcãs, baseados em preços mais competitivos e menos pressionados pela procura turística, como a Albânia (+86%), a Sérvia (+48%) e o Montenegro (+31%), deve aumentar exponencialmente este ano em comparação com o verificado em 2019. Embora os níveis de crescimento nesses destinos partam de um nível base de chegadas mais baixo do que os seus concorrentes, estes países são cada vez mais percecionados como destinos atraentes pelos viajantes.
Do ponto de vista qualitativo, uma análise ao histórico de pesquisas online sobre viagens e turismo na Europa, revela que o assunto está a ser discutido, predominantemente, de forma positiva. Ao longo dos meses de primavera, os cenários naturais de destinos insulares como os de Portugal (Madeira) e Noruega (Magerøya) foram apresentados com destaque, em vlogs e meios de comunicação, refletindo também os níveis mais elevados de chegadas e dormidas nesses destinos. Por outro lado, relatos negativos focaram-se, principalmente, no tópico do overtourism, a propósito de Veneza ter introduzido um número máximo diário para visitantes, e outros destinos, como as Canárias terem visto os seus habitantes a protestarem contra o turismo de massas insustentável.
O turismo tem tudo a ver com a deslocação de pessoas. Gerir os fluxos turísticos deve, portanto, ser uma prioridade para todos os profissionais da indústria, especialmente à medida que se aproxima mais uma época alta da procura, que na Europa pode ser a mais movimentada de sempre.
Ao nível continental, o crescimento das viagens ferroviárias internacionais é um sinal positivo de mobilidade, diminuindo fortemente o impacto ambiental das mesmas. Ao nível nacional, a crescente promoção de destinos menos conhecidos é uma forma de disseminar os benefícios para áreas habitualmente mais periféricas. Ao nível local, soluções digitais eficientes para aceder a atrações turísticas e reservar atividades podem ajudar a reduzir o congestionamento e a impulsionar as experiências individuais dos viajantes. Estes são apenas alguns exemplos do compromisso diário que ajuda a garantir um futuro sustentável para a indústria com impactos positivos contínuos para visitantes e residentes.
Relatório completo: European Tourism Trends & Prospects - Q2/2024