Publicação
Sustainable EU Tourism – Shaping the Tourism of Tomorrow
O projeto “Sustainable EU Tourism – Shaping the Tourism of Tomorrow” apoia aos destinos turísticos da União Europeia à medida que estes caminham em direção a uma maior sustentabilidade e resiliência, em linha com o estabelecido na iniciativa “Transition Pathways for Tourism”.
O projeto decorre entre dezembro de 2023 a dezembro de 2025, período durante o qual será dada ênfase à garantia do bem-estar económico, social e cultural das comunidades locais, simultaneamente com a preservação dos ambientes naturais.
Um dos objetivos passa por identificar as alterações-chave (key callenges) e boas práticas em matéria de sustentabilidade e resiliência da atividade turística. Integrado neste objetivo concreto, foi produzido o “Report on the identification of key challenges & best practices”, cuja apresentação resumida se segue.
As quatro dimensões da sustentabilidade
São apresentados 31 desafios principais, que foram identificados pela revisão da literatura, pela pesquisa de melhores práticas, bem como pelos resultados da pesquisa. Foram todos agrupados de acordo com as quatro dimensões da sustentabilidade (económica, ecológica, sociocultural e institucional) e são descritos em detalhe para fornecer uma compreensão profunda e comum dos mesmos. Além disso, estão relacionados com os seus fatores contribuintes – fatores determinantes, pressões e riscos, impactos - e atores impactados e estão também ligados a fontes literárias.
Cada desafio também resume as soluções correspondentes que foram identificadas nas 50 melhores práticas. A criação de valor acrescentado local é um objetivo central dos destinos turísticos sustentáveis e do desenvolvimento regional sustentável, pois procura manter o benefício do turismo no destino, envolvendo os residentes locais e fazendo com que participem nas respetivas atividades económicas, ao mesmo tempo que apoiam o ambiente. O turismo tem um grande potencial para gerar valor acrescentado num destino, contribuindo também para a diversificação económica das regiões rurais. Este potencial é o resultado de diferentes características da indústria do turismo.
O impacto do turismo nas regiões
Numa primeira instância, o turismo cria emprego e rendimento que não pode ser externalizado para outros países e, apesar da sua natureza local, traz moeda estrangeira para o país, pois o “produto turístico” só pode ser consumido no local.
Em segundo lugar, o turismo tem muitas ligações intersetoriais (horizontais e verticais) com outros setores económicos, como a agricultura, o retalho e os transportes. Esta interligação leva a efeitos multiplicadores que amplificam o impacto económico do turismo numa região ou país em vários setores da economia. De facto, o artesanato, os serviços de guias turísticos, a alimentação, a manutenção, o fornecimento de alimentos, a limpeza e diversas outras atividades são potenciadas pela presença do turismo, o que leva a um fortalecimento das cadeias de valor regionais.
Por último, a estrutura do setor do turismo, constituído predominantemente por micro, pequenas e médias empresas em diferentes setores, leva a uma distribuição de rendimentos entre muitas empresas e pessoas. Ao incentivar e promover as cadeias de abastecimento locais, as empresas de turismo reduzem a sua dependência das importações e retêm uma maior quota-parte dos benefícios económicos dentro da comunidade. Além disso, a criação de oportunidades de emprego para os residentes locais promove o empoderamento económico. Fornecer incentivos às empresas locais como financiamento inicial, formação e acesso ao mercado pode motivar os residentes locais a lançar as suas próprias atividades relacionadas com o turismo. Esta abordagem global não só apoia os produtores locais, como também contribui para a resiliência e diversificação económica e aumenta a autenticidade da experiência turística.
Estratégias e boas práticas no Turismo
O relatório incorpora uma análise de estudos de caso que mostram estratégias de desenvolvimento turístico bem-sucedidas em 50 destinos com as melhores práticas em 19 países da UE, categorizados em tipos: urbano, rural, costeiro e misto, sendo o turismo cultural o tipo de turismo mais comum (78%), seguido pelo turismo rural e costeiro.
Os desafios do turismo foram categorizados em dimensões económicas, sociais, ambientais e de governação.
As soluções foram agrupadas em nove categorias, sendo que o envolvimento das partes interessadas (90%) representa o mais adotado, seguido pela adoção de estratégias de turismo e estruturas de monitorização, ferramentas digitais e investimentos em infraestruturas. Estas estratégias variaram em importância dependendo do tipo de desafio, mas basearam-se consistentemente na colaboração e nas estruturas estratégicas. Em princípio, todos os casos de melhores práticas têm um elevado potencial de replicabilidade e um elevado grau de inovação, uma vez que serviram como critérios de seleção para os casos. Mas cada destino apresenta uma abordagem única que não só aborda os seus principais desafios, como também fornece modelos replicáveis para outros destinos com problemas semelhantes.
Relatório completo: Report on the identification of key challenges & best practices