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O olhar dos residentes sobre o turismo nos Açores

Os residentes, nos Açores, veem de forma positiva o desenvolvimento atual do turismo na região.

Manuela Carvalho
Observatório do Turismo Sustentável dos Açores
18 setembro 2025

O Observatório do Turismo Sustentável dos Açores apresentou a 3.ª edição do Inquérito à Perceção dos Residentes sobre o Desenvolvimento do Turismo na Região, referente ao ano de 2024. Este estudo foi realizado apenas nas ilhas com maior fluxo turístico. “Esta decisão baseou-se no facto de que, nestas ilhas (São Miguel, Terceira e Faial), a interação com os turistas é mais intensa o que torna as opiniões dos residentes mais evidentes e relevantes para a análise” (OTA, 2024).

O estudo tem como objetivo auscultar a comunidade açoriana face aos impactos do turismo sentidos. Em simultâneo, permite recolher contributos que ajudem a consolidar um modelo turístico mais equilibrado e sustentável para o arquipélago.

caracterização da amostra de inquérito realizado pelo observatorio regional dos açores

Nos Açores, 90% dos residentes veem de forma positiva o desenvolvimento atual do turismo na região: 13% afirmam ser muito satisfatório, a adicionar aos 36% que afirmam ser bastante satisfatório e 41% que afirmam estarem satisfeitos.

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Na perceção dos Residentes relativa aos impactos económicos do turismo na Região, os inquiridos concordaram amplamente que a atividade turística atrai investimentos para a ilha (84,1%). Ao mesmo tempo aumenta os preços dos bens/produtos/serviços (ex. alimentação, vestuário, transportes), incluindo o nível geral dos preços dos terrenos e das casas (para comprar ou arrendar), 78,6% e 77,6% respetivamente. De salientar, ainda que 77,5% concorda que o turismo desenvolve as atividades económicas locais/típicas e o dinheiro gasto pelos turistas/visitantes fica nos Açores (63,6%).

Nas ilhas onde decorreu o inquérito, identificadas como aquelas onde existe mais interação entre turistas e residentes, 79,9% dos inquiridos reconhece que a atividade turística cria postos de trabalhos para os residentes e aponta a falta de recursos humanos qualificados no turismo (53,9%). A atividade turística perturba a vida quotidiana da população residente (ex. barulho, comportamento desadequado dos turistas/visitantes, lixo, complicações no trânsito) reuniu a concordância de um pouco menos de metade dos respondentes (47,4%).

impactos-ambientais-turismo-acores.jpgO turismo é percecionado como uma atividade que ajuda a conservar o património natural (57,6%), por outro lado 63,0% e 59,7% dos respondentes, respetivamente, concordaram que aumenta os níveis de poluição e o número de turistas está a causar pressão sobre o ambiente e, na ilha em que residem.

Relativamente aos aspetos culturais, os respondentes concordam que os impactos são muito positivos: “valoriza o património imaterial” (ex. tradições, festividades, gastronomia)”, “contribui para a conservação e restauro do património construído (ex. monumentos, casas)”, “aumenta a oferta de eventos culturais (ex. festas, concertos e outras manifestações artísticas)” reúnem concordância de 68,3%, 67,8% e 67,1% respetivamente.

O desenvolvimento do turismo nos Açores é percecionado de forma positiva, com 52,8% a concordar que o turismo aumenta o rendimento dos residentes. A afirmação “O turismo é bom para a sua ilha”, na medida em que mereceu a concordância de 48,1%, e a concordância total de 22,9%, apesar de quando se trata de uma análise mais individual, 32% terem discordado que beneficiam com a atividade turística.

A necessidade de investir no turismo sustentável ser essencial para o sucesso futuro da ilha, em que reside, reúne a concordância dos açorianos inquiridos, pois 40,4% concordam e 33,8 concordam totalmente com este tipo de desenvolvimento do turismo, na ilha onde residem, tal como concordavam 80,2% dos respondentes em 2022.

Participação: sustentabilidade em foco

A participação do residente no processo de desenvolvimento turístico continua baixa, tal como na última edição do inquérito. 42,5% nunca e 25,7% raramente se envolve na tomada de decisão sobre os processos do desenvolvimento turístico da ilha de residência. Os residentes nas três ilhas em que o inquérito foi aplicado concordaram (75,7%) que o arquipélago dos Açores está a seguir um modelo de turismo sustentável.

A causa, mais apontada como a que mais afeta o desenvolvimento turístico dos açores a longo prazo foi a falta de mão de obra qualificada (24,3%). A que reuniu menos respostas foi a pressão sobre os transportes, nos meses de época alta (4,7%).

Nesta edição de 2024 do Inquérito de perceção dos residentes face aos impactos do turismo, foi ainda realizada uma análise por ilha, S. Miguel, Terceira e Faial. Nas três ilhas a afirmação relativa aos impactos económicos, que reuniu mais concordância foi “atrai investimentos para a ilha" (80,8%, 84,1% e 87,9% respetivamente).

No âmbito dos impactos culturais a afirmação com mais concordância foi “cria postos de trabalhos para os residentes” (80,4%, 78,5% e 80,8% respetivamente). Na dimensão cultural, em S. Miguel e no Faial, reuniu mais acordo a afirmação “valoriza o património imaterial (ex. tradições, festividades, gastronomia)”, com 66,7% e 70,6% respetivamente; na Terceira a afirmação “contribui para a conservação e restauro do património construído (ex. monumentos, casas), com 72,6%.

Enquanto na área ambiental em S. Miguel a frase “ajuda a conservar o património natural / recursos naturais” mereceu resposta positiva de 55,0% dos inquiridos; na Terceira e no Faial “aumenta os níveis de poluição (ex. ar, resíduos/lixo, sonora, águas, espaço público)” reuniu mais concordância (64,4% e 70,6% respetivamente).

Os resultados mostram que os açorianos das três ilhas, que participaram no estudo, têm uma visão positiva do desenvolvimento do turismo. No entanto, também são apontados desafios, como a falta de mão de obra qualificada e a necessidade de investir no turismo sustentável. No relatório pode ainda ler algumas sugestões dos residentes das Ilhas para o Desenvolvimento do Turismo.