Segundo os dados disponibilizados pela IATA e pelo Eurocontrol, a procura aérea internacional e mais concretamente no espaço aéreo europeu deu fortes sinais de vitalidade nos dois primeiros meses do ano.

O crescimento anual da receita de passageiros por quilómetro (RPKs) no setor aumentou 67,0% em janeiro, recuperando os níveis de procura de passageiros para 84,2% relativamente ao período pré-pandémico. Já a capacidade aérea, medida em lugares disponíveis por quilómetro (ASKs), também cresceu 35,5% em relação ao período homólogo do ano anterior, colocando o load factor em 77,7% no mês de janeiro. A este propósito, refira-se que as companhias norte-americanas reforçaram a sua oferta de lugares, de modo a ultrapassarem a capacidade oferecida em janeiro de 2019.

A rápida reabertura da China, depois do fim das restrições associadas à Covid-19, ajudou em muito ao crescimento anual de RPKs domésticos globais, tendo atingido 32,7% em janeiro, o que representou 97,4% dos níveis pré-pandemia. O tráfego internacional de passageiros também manteve o seu crescimento sustentado e permanente no último ano, para atingir 77,0% dos níveis de janeiro de 2019. A natureza dinâmica das restrições de viagem na China refletiu-se na enorme volatilidade nas tendências relativas ao tráfego doméstico e de passageiros desde 2020. O mais recente desenvolvimento das políticas sanitárias chinesas veio dar resposta à forte vontade de viajar demonstrada pelos passageiros chineses.

Apesar da difícil conjuntura económica internacional parece não estar a ter impacto direto na procura de viagens, fortemente reprimida durante mais de dois anos, e todas as regiões mundiais apresentam aumentos de procura e de movimentos aéreos no início de 2023.

O mercado doméstico dos Estados Unidos continuou a sua forte recuperação em janeiro, tendo os RPKs domésticos subido 26,8% YoY e tendo ficado 3,1% acima dos níveis alcançados em janeiro de 2019. No Brasil, o tráfego cresceu 3,0% YoY, aproximando os níveis de passageiros de janeiro para apenas 3,2% abaixo dos níveis pré-pandémicos. Estes desenvolvimentos são consistentes com as melhorias de desempenho das companhias aéreas no continente americano, regiões em que os RPK’s domésticos em janeiro aumentaram 3,4% na América Latina e 2,7% na América do Norte, acima dos níveis pré-pandémicos.

Também na Europa, o tráfego doméstico de passageiros continuou a subir acima dos níveis pré-pandémicos, tendo aumentado 15,4% o tráfego doméstico transportado por companhias aéreas europeias, face a janeiro de 2019 e 19,2% face aos níveis de janeiro de 2022.

No conjunto de todos os voos nacionais, internacionais e intercontinentais, mas com origem ou chegada em aeroportos europeus, o cenário é o de uma assinalável recuperação dos movimentos aéreos face ao que se verificava antes da pandemia. O Eurocontrol estima em cerca de 15% abaixo os movimentos aéreos verificados, face às semanas homólogas de 2019. No período analisado, Portugal posicionou-se sempre como 10.º país com maior número de movimentos aéreos e o Aeroporto Humberto Delgado constou em duas semanas no Top-10 dos mais movimentados da Europa.

Fonte: Eurocontrol

A concretizar-se o cenário mais otimista traçado pelo Eurocontrol, o número de movimentos aéreos no espaço europeu poderá, a partir de maio, igualar ou mesmo superar os números atingidos nos períodos homólogos de 2019.