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Publicação

abril 04, 2022
Pedro Pereira
Global Business Travel Association

Global Business Travel Index | 2022

tendências

Este estudo é focado no turismo de negócios e procura medir vários indicadores do lado da procura, designadamente sobre todo o tipo de gastos associados. É apresentado um conjunto de projeções que visam traçar um cenário de enquadramento do desenvolvimento deste segmento para o ano de 2022, designadamente, de evolução da economia mundial, na capacidade de fornecimento de serviços de viagens, evolução de preços, questões políticas e aspetos ainda ligados à pandemia.

Em 2019, o total de despesas decorrentes ao turismo de negócios tinha atingido 1,4 USD biliões à escala global, tendo em 2020 diminuído fortemente, em mais de 50%, para 0,66 mil milhões, devido às fortíssimas restrições e períodos de confinamento decretados em virtude do aparecimento da pandemia de covid-19 (mapa 1).

Mapa 1 – Despesas globais do turismo de negócios, em 2020

Fonte: GBTA e Rockport Analytics

O turismo internacional de negócios terá tido o seu pior momento em 2020, em plena pandemia, tendo recuado a valores verificados em 2004. O ano de 2021, ainda que de forma ténue, terá marcado o início do que se espera venha a ser a recuperação total deste segmento, que voltará aos níveis pré-pandémicos apenas em 2024 (gráfico 1).

Gráfico 1 – Evolução do turismo internacional de negócios, 2001-2025 (estimativa)

Fonte: GBTA

Um fator preponderante para a recuperação de todo o turismo internacional e consequentemente para o turismo de negócios será o ritmo da recuperação económica mundial, com estimativas de crescimento moderado, parte como resposta ao crescimento negativo verificado em 2020. Os países asiáticos serão os que terão maiores taxas de crescimento em 2021 e 2022, seguidos dos Estados Unidos da América e da Europa (gráfico 2).

Gráfico 2 – Projeções de crescimento económico por região mundial, 2020-2022

Fonte: FMI, World Economic Outlook, outubro 2021

Outro fator que condicionará o ritmo de recuperação da presente crise é o da evolução da pandemia, quer em número diário de novas infeções, da severidade da doença causada e do modo de propagação da variante Omicron, atualmente dominante, e de outras que lhe venham a suceder. Retrato disso mesmo é a verificação de uma correlação entre a taxa de vacinação dos diversos países e o nível de expectativa de recuperação do turismo de negócios (gráfico 3).

Gráfico 3 – Correlação entre as taxas de vacinação e a expetativa de crescimento do turismo de negócios, 2020-2025

Fonte: GBTA e Rockport Analytics

Um dos maiores entraves à recuperação da atividade turística é a continua falta de estabelecimento de regras claras e de articulação entre estados, o que em muitos casos se traduz na tomada de medidas de diferente natureza e rigor para situações semelhantes de propagação de Covid-19. Em muitos casos, o nível de severidade nas medidas impostas à chegada está longe de ser semelhante, o que retrai o ato de viajar (gráfico 4).

Gráfico 4 – índice de rigor às viagens internacionais considerando a população, entre janeiro de 2020 e setembro de 2021

Fonte: IATA

Ainda a este propósito, torna-se relevante procurar entender como os viajantes percecionam a origem das dificuldades sentidas pelo turismo internacional de negócios. Um inquérito realizado pela GTBA a potenciais viajantes norte-americanos, europeus continentais e britânicos, revela diferentes perceções. As políticas governamentais são por todos consideradas o elemento principal, mas com impacto muito mais elevado entre os europeus. Já os norte-americanos consideram as políticas das empresas a um nível aproximado das decisões do governo, mas numa proporção de quase o dobro dos europeus (quadro 1).

Quadro 1 – Impacto das políticas governamentais no turismo de negócios

Fonte: GBTA

Relativamente à Europa Ocidental, espaço geográfico em que se localiza Portugal, há a considerar o seguinte conjunto de aspetos:

  • O turismo de negócios em 2020 foi fortemente restringido, tendo os principais mercados de destino registado perdas entre 50% a 65% relativamente aos níveis de gastos pré-pandémicos;
  • A quota de mercado desta região desceu de 23% para 20% em 2020, dos gastos globais neste segmento. O total de receitas nesta região terá diminuído em 58%, sendo conjuntamente com a América do Norte, as regiões mais atingidas à escala global pela retração do turismo de negócios;
  • A Europa Ocidental foi fortemente afetada pelo aparecimento e posterior propagação da variante delta do coronavírus, pelo que uma eventual recuperação foi de imediato posta em causa. Este segmento, em 2021, terá ainda tido uma queda de -3,8% na região;
  • Espera-se que o volume de turismo de negócios na região tenha já começado a aumentar e venha a recuperar de forma progressiva à medida que forem sendo levantadas as restrições impostas às viagens internacionais e que o impacto da pandemia comece a decair;
  • É expectável que a procura reprimida por este tipo de turismo ajude ao aumento significativo dos mercados da região durante os anos de 2022 e 2023, prevendo-se a recuperação dos níveis pré-pandemia para 2024, podendo a recuperação fazer-se a ritmos diferentes nos diversos mercados de destino da região, estando Portugal entre os mercados com previsão para um maior ritmo de recuperação (mapa 2);

Mapa 2 – CAGR estimado para o período 2020-2025 do Turismo de Negócios na Europa Ocidental