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Publicação

março 21, 2023
Pedro Pereira

Cruzeiros: recuperação plena em 2023, apesar dos desafios

tendências

A indústria de cruzeiros foi, provavelmente, a atividade mais negativamente afetada pela pandemia, de entre todas as que compõem o setor do turismo. Para além desta atividade ter estado completamente paralisada durante largos períodos, também teve a sua imagem seriamente afetada no início do período pandémico, uma vez que foram registados vários casos de covid-19 a bordo de navios de cruzeiro, facto amplamente noticiado pelos media internacionais.

No entanto, tendo por base aquilo que foi a recuperação do turismo em 2022, a indústria tem a expetativa de que este ano possam ser atingidos os números pré-covid, período em que até à eclosão da crise sanitária, a indústria vinha crescendo de ano para ano, ao nível global. Apesar de ainda serem aguardados os dados finais relativos a 2022, a indústria está a assistir a uma recuperação constante da atividade, dificilmente previsível na sua dimensão, indicando as previsões para que já em 2023 possam ser atingidos os níveis de passageiros anteriores à pandemia. Os inquéritos realizados refletem que há uma vontade superior a 2019 para desfrutar de um cruzeiro nos próximos anos. As companhias de navegação estão conscientes desta intenção, bem como de novas tendências, e com base nelas, têm delineado a sua oferta.

Mapa 1 – Quota de mercado passageiros de cruzeiros nos países europeus, 2021

Fonte: CLIA, 2021 Europe Market Report

Esta recuperação é uma boa notícia, não apenas para as companhias de navegação, mas também para toda a cadeia de valor, desde o impacto positivo no negócio das agências de viagens como nos estaleiros navais. A esmagadora maioria dos navios de cruzeiro (93%) são construídos na Europa. Nessa medida, espera-se que o turismo de cruzeiros continue a gerar riqueza e oportunidades, mas de forma comprometida com os territórios e com o meio ambiente.

Tendências na Navegação de Cruzeiros para 2027:

1 – Entrada em funcionamento de novos navios, mais e mais bem equipados, capazes de responder às novas exigências da procura;

2 – Procura de novos portos e novos destinos à escala global;

3 – Menor exigência ao nível da vacinação obrigatória para permanecer a bordo;

4 – Provável máximo de passageiros de sempre num só ano, será atingido em 2023;

5 – Disponibilização de novas aplicações e meios de pagamento facilitadores de transações e que estimulem a compra;

6 – Desenvolvimento de programas de redução de custos, que conjuntamente com o aumento da faturação por via das vendas, contribuam de modo efetivo para fazer face aos prejuízos acumulados durante a pandemia e ajudem à recuperação das empresas do setor;

7 – Maior consolidação de marcas e navios, podendo incluir aquisições e fusões ou outros tipos de colaboração entre empresas, tendo em vista uma projeção ainda maior das empresas.

A descarbonização como foco da ação

Como referido, a incorporação de nova tecnologia cada vez mais sofisticada nos navios de cruzeiro é um dos objetivos prioritários, incluindo-se aqui as questões da sustentabilidade que não deixam de ser amplamente reconhecidas, sendo também uma das preocupações dos responsáveis da indústria.

A sustentabilidade ambiental é o maior de todos os desafios que se colocam à indústria dos cruzeiros, assumindo a descarbonização o foco central da ação. 

As empresas pertencentes à CLIA – Cruise Lines International Association - estão comprometidas com o objetivo da neutralidade carbónica em 2050, designadamente: através da redução da pegada de carbono dos navios, quer em navegação, quer quando atracados; no investimento de tecnologias ambientais avançadas a bordo; e no estabelecimentos de parcerias com cidades e portos na gestão sustentável dos destinos.

Além disso, no ambiente atual, é absolutamente essencial o desenvolvimento de combustíveis marítimos que sejam alternativas seguras, bem como garantir o seu abastecimento em grande escala. As companhias de navegação, segundo as próprias, estão a desenvolver esforços sérios nessa direção, alocando muitos recursos para a pesquisa e desenvolvimento. As empresas têm apelado aos governos para a criação de um quadro legislativo claro, que incentive o investimento e a inovação necessária para alcançar os objetivos estabelecidos e as metas traçadas para 2050.

Um dos principais focos para a sustentabilidade desta atividade é a eletrificação, ou seja, a possibilidade de ligar os navios à rede elétrica local, quando estão atracados, de forma a permitir que desliguem os motores. Atualmente, cerca de 40% da atual frota mundial está equipada com a tecnologia necessária, estimando-se que atinjam os 75% em 2028.

Tal como na aviação comercial, também na navegação de cruzeiros as empresas começam a perceber os benefícios de aderirem a combustíveis de transição, no caso o LNG, que tem um nível muito reduzido de emissões de enxofre, uma redução de 95 a 100% nas emissões de partículas, uma redução de 85% nas emissões de NOx e até 20% de redução nas emissões de gases de efeito estufa. A tentativa é a de aumentar o número de empresas e de navios capazes de utilizar o LNG para alimentar a sua propulsão. Para além desta solução, a indústria de cruzeiros está na vanguarda da exploração de combustíveis marítimos sustentáveis, incluindo biocombustíveis e outras abordagens avançadas, como biodiesel, metanol, amônia, hidrogénio e baterias elétricas.

Finalmente, considere-se ainda que mais de 15% das novas embarcações a serem lançadas nos próximos cinco anos serão equipadas para incorporar células de combustível ou baterias, como parte de uma abordagem híbrida para reduzir a pegada de carbono da viagem.

Fontes: Cruise Lines International Association – www.cruising.org; holidaytourstravel.com; Hosteltur.com; Travelagewest.com; Travelweekly-asia.com