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Publicação

abril 15, 2024
Pedro Pereira
Eurocontrol , OAG

Recuperação total dos níveis de operação aérea mundial face à situação pré-pandémica

movimentos aéreos

Em termos de transporte aéreo, o 2.º trimestre de 2024 fica marcado como o melhor de sempre, com as companhias a disponibilizarem mais de 1,5 mil milhões de lugares, o que representa um aumento de 4% face a igual período de 2019 e quase 8% acima do verificado no 2.º trimestre de 2023.

O continente asiático liderou este aumento através de um forte crescimento anual de 11% no Nordeste asiático, à frente da América do Norte, num movimento que poderá mito bem ganhar um caracter mais permanente à medida que se retomar o caminho de regresso às taxas de crescimento de longo prazo esperadas antes da pandemia. A Europa Ocidental, apesar do que poderá ser apelidado por colapso do mercado alemão, nos últimos anos, a capacidade total prevista para o próximo trimestre estará acima do nível de 2019 e perto da marca de crescimento médio global. 

A análise, por país, evidencia a liderança de mercados não europeus, com os EUA no topo, seguidos pelos três maiores mercados asiáticos – China, índia e Japão. A Europa faz-se representar neste Top-10 por quatro mercados: Espanha, Reino Unido, Itália e Alemanha.

Note-se que entre os 10 principais mercados nacionais, a Alemanha e o Japão destacam-se negativamente, pois são os dois únicos que continuam sem atingir valores de 2019. Na Alemanha, as mudanças nos padrões de viagens, as reduções dramáticas na capacidade doméstica (-48% em relação a 2019) e uma das recuperações mais lentas do mercado de longo curso pós-pandemia são as causas que explicam este desempenho. Enquanto isso, o Japão, com a sua dependência da capacidade de e para a China, teve uma perda aproximada de 3,4 milhões de lugares face ao 2.º trimestre de 2019. 

Uma outra análise a ter em consideração é o tipo de empresa. Verifica-se um nível de desempenho muito diferenciado entre as empresas tradicionais, habitualmente designadas por companhias de bandeira, e as companhias de baixo custo (low cost). Todo o ganho verificado ao nível da capacidade aérea face ao período homólogo de anos anteriores é conseguido pelas low cost, enquanto as companhias tradicionais ainda estão ligeiramente abaixo da sua performance em matéria de oferta de lugares face ao verificado em 2019.

As companhias aéreas de baixo custo, inspiradas pela Ryanair e pela perceção de que os padrões de viagens estão a mudar de forma acelerada, apresentaram um crescimento de capacidade de cerca de 16% no 2.º trimestre, face a igual período de 2019 e 8% face ao ano passado. Prevê-se que, num horizonte relativamente curto, estas empresas venham a aproximar-se de uma quota global em torno dos 40%.  

Tráfego aéreo na Europa

Durante a semana de 11 a 17 de março foram registados 25.272 voos médios diários, representando um aumento de 6% face à mesma semana do ano passado e de 1% face à semana anterior. Em termos médios, as 10 maiores companhias a operar no espaço aéreo europeu aumentaram em 2% a sua capacidade, relativamente à semana anterior. Enquanto isso, a nível nacional, os 10 principais estados viram os seus voos aumentarem 1%. 

Considerados todos os movimentos aéreos ocorridos no espaço aéreo europeu, na referida semana, verifica-se um crescimento de 6% em comparação com igual semana do ano anterior e uma quase completa recuperação face a 2019, tendo ficado apenas 7% abaixo.

Entre os 10 primeiros países, houve três que registaram tráfego aéreo superior aos níveis de 2019 - Espanha, Turquia e Portugal. Já Itália está em linha com o nível de 2019; e os restantes seis estados ainda estão entre 22% e 1% abaixo dos níveis pré-pandémicos. Também na comparação com a semana anterior, quase todos os países, exceto três, registaram um número de voos superior. 

Neste ranking, Portugal ocupou a 10.ª posição com 1.043 voos registados, o que representou um aumento de 2% face ao registado na semana anterior e de 13% face ao mesmo período de 2019, de resto a maior variação registada entre todos os países apresentados.

O maior segmento de mercado, composto pelas companhias tradicionais, habitualmente designadas por companhias de bandeira, registou uma quota de 37% em 2024 (acumulado no ano), diminuindo 1% face ao mesmo período de 2019, muito provavelmente perdido para o segundo maior segmento, as companhias de baixo custo ou Low-Cost. A participação no mercado regional diminuiu para 14%. Face a 2023, os mercados de passageiros registaram crescimento no número de voos operados, distribuídos da seguinte forma: companhias tradicionais (+8%); Low Cost (+10%); Regionais (+3%) e Não Regulares (+2%).

O principal fluxo de tráfego foi o intra-europeu, com um total de 19.545 voos diários na semana de 11 a 17 de março, registando mais voos (+2%) quando comparado com a semana anterior. Seguiram-se os voos intercontinentais para o Médio Oriente, seguidos pela América do Norte. O quarto fluxo mais relevante é de/para o Norte de África. Os fluxos entre a Europa e a região Ásia-Pacífico recuperaram para os níveis de 2019.

Os EUA são o principal origem/destino dos movimentos aéreos de/para a Europa. Sete das dez principais rotas de longo curso são com os Estados Unidos, sendo os três principais destinos/origens na Europa, o Reino Unido, a Alemanha e a França. No Top 10 de rotas de long-haul com partida ou chegada na Europa, na semana em análise, constavam ainda duas rotas entre a Europa e os Emirados Árabes Unidos e uma entre o Reino Unido e Índia.

Seis daquelas rotas registaram um aumento face à semana anterior, com variações entre +1% e +21%). Relativamente aos níveis de 2019, oito destas rotas estão atualmente a níveis mais elevados. 

Na semana em apreço, todos os principais aeroportos europeus registaram aumentos de tráfego, quer face à semana anterior, quer em comparação com igual período de 2023. No entanto, quando analisado o comportamento face à mesma semana de 2019, a situação é quase inversa, com quase todos os aeroportos a registarem ainda uma diminuição de tráfego. Apenas Barcelona já regista ganhos relativamente a 2019, estando Madrid e Londres-Heathrow em linha com aqueles resultados.

Fontes: Eurocontrol; OAG Schedules Analyser