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Publicação

maio 31, 2023
Pedro Pereira

Perspetivas para o turismo de golfe para a próxima década

Golfe

Como crescerá a procura de golfe na próxima década? Segundo a Future Market Insights, existe a expectativa que o mercado global de turismo de golfe atinja um valor global de US$ 23,1 mil milhões no ano de 2023. Prevê-se, ainda, que no espaço de uma década, venha a atingir um valor estimado próximo dos US$ 40 mil milhões, registando um CAGR de 5,8% entre 2023 e 2033.

O crescimento do mercado global de golfe tem sido impulsionado principalmente pelo número crescente de torneios internacionais e domésticos em todo o mundo, gastos substanciais na melhoria das infraestruturas desportivas e um crescimento no número de jogadores de golfe profissionais e amadores em todo o mundo. Além disso, autoridades desportivas e governos de todo o mundo estão a apoiar a organização de torneios de golfe nacionais e internacionais e a fazer avultados investimentos para atrair golfistas e expandir as economias locais.

A pandemia de Covid-19 e a consequente paralisação económica tiveram impactos severos na indústria do turismo. A pandemia afetou o turismo desportivo, especialmente o que implicava a realização de viagens internacionais, bem como o turismo global. De acordo com as estatísticas publicadas pelo Barómetro Mundial do Turismo da Organização Mundial do Turismo (OMT), a pandemia causou uma perda estimada em cerca de US$ 1,30 biliões em receitas de exportação.

A pandemia prejudicou fortemente esta atividade, o que teve como resultado um significativo declínio no número de turistas de golfe. No entanto, os destinos de turismo de golfe têm vindo a recuperar os seus níveis de atividade anteriores à pandemia, o que de resto já sucede em Portugal e se encontra em processo em muitos outros destinos internacionais de golfe. Além disso, espera-se que o foco no turismo desportivo forneça à indústria do turismo em recuperação, um impulso adicional, depois de ser atingida por quase dois anos pelas limitações de ordem sanitária decorrentes da Covid-19.

Prevê-se que o crescente interesse em eventos desportivos ao ar livre, o financiamento do governo, as medidas para promover o turismo desportivo e o crescimento do número de jovens golfistas venham a ter um impacto profundo na procura global e ofereçam aos operadores turísticos novas oportunidades de entrar em mercados e segmentos ainda por explorar. Espera-se também que o crescimento seja impulsionado pelo crescente apoio dos governos ao setor. São vários os governos que apoiam ativamente a comercialização de destinos de férias desportivas para turistas locais e estrangeiros, de forma a aumentar as suas receitas. Os governos, através das respetivas tutelas do setor estão interessados em explorar o verdadeiro potencial da indústria, dada a popularidade e as possibilidades de crescimento futuro deste desporto.

A associação da prática de golfe a ações e programas de saúde e bem-estar e de inclusão social, bem como o crescente número de golfistas profissionais e de torneiros internacionais alvo de acompanhamento dos media internacionais e à escala global constituem fatores de forte promoção da imagem desta modalidade, contribuindo para a sua cada vez maior popularidade. A tentativa de chegar a novos públicos é consubstanciada no aumento em larga escala de torneios femininos e para jovens jogadores. Prevê-se que esta crescente projeção tenha um impacto potencial no mercado global e, consequentemente, alimente o seu crescimento. Também a construção de novos campos na américa do Norte e Europa, regiões há muito consolidadas no que respeita à prática de golfe, mas sobretudo na Ásia, continente sem grande tradição na modalidade, mas com um mercado potencial imenso, contribui decisivamente para sustentar as previsões de crescimento para a próxima década.

O crescente número de golfistas profissionais está a impulsionar fortemente o mercado de turismo de golfe na América do Norte. Esta região foi responsável pela maior participação nas receitas, cerca de 42%, registada em 2021, devido ao número cada vez maior de circuitos e torneios de golfe profissionais e ao número cada vez maior de jogadores de golfe internacionais e domésticos que frequentam os campos de golfe nos E.U.A.. De acordo com a Associação Internacional de Operadores Turísticos de Golfe (IAGTO), o mercado dos E.U.A. tem uma substancial capacidade de crescimento e espera-se que se venha a desenvolver como um dos principais destinos de golfe do mundo.

Qual será o perfil dos futuros jogadores de golfe?

A consultora GCA Partners em conjunto com a National Collegiate Club Golf Association (NCCGA) elaborou um estudo recente que teve como alvo os jogadores de golfe das mais novas gerações – Millennials e Geração Z -, mas que não deixou de fora a anterior Geração X (nascidos entre 1965 e 1980). A pesquisa incidiu também sobre comportamentos e motivações.

Principais resultados obtidos:

- Os jogadores de golfe da Geração Z gastam menos com green fees e gastos extras no campo, enquanto os millenials mostram maior disponibilidade para pagarem maiores green fees;

- As Gerações X e Z estão a demonstrar maior disponibilidade para jogar golfe, enquanto os Millennials, nem tanto;

- A geração Z prefere jogar golfe em família, os millenials, com os amigos e a geração X com outros membros do clube;

- De uma forma geral, as pessoas estão a jogar mais golfe. A grande maioria dos entrevistados (89%) afirmaram que jogaram o mesmo número de vezes, ou mais em 2022, em comparação com o auge da pandemia, com 78% a terem jogado 16 ou mais voltas por ano;

 

 - Para a Geração Z, o golfe apresenta um cenário ideal para aliviar o stress (70%) e desligar da realidade do dia a dia (54%). Nas gerações mais velhas, a prática de exercício e a possibilidade de prática desportiva ao ar livre são as principais motivações;

- Independentemente da idade ou nível de jogo, os jogadores anseiam por mais opções de tecnologia avançada em todos os aspetos do jogo. Eles procuram ativamente por tecnologia que apoie ou melhore a sua experiência de jogo. A este respeito, 75% dos jogadores entrevistados afirmaram que estão interessados num sistema de GPS no carrinho de golfe, enquanto 50% estão interessados em rastreamento de bolas de campo e em tecnologia de simulador;

- Também ao nível do processo de reserva são desejadas inovações, que permitam novas formas de pesquisar e reservar voltas de golfe, online, tendo esta disso uma preferência manifestada por mais de metade dos jogadores inquiridos (54%);

- Os formatos de golfe não tradicionais (incluindo voltas e campos mais curtos) estão a aumentar o seu nível de popularidade, especialmente entre os jogadores mais novos que começaram a jogar nos últimos três anos. Contudo, uma grande maioria de 85% dos novos jogadores ainda quer jogar os tradicionais 18 buracos, pelos menos metade das voltas. Dito isto, eles preferem formatos mais curtos para a outra metade, incluindo a opção por 9 buracos (70%), campos curtos (47%) e campos de Par 3 (44%);

- O “fator diversão” é relevante para a Geração Z, com 81% a afirmar que o aspeto social do golfe é um fator que os leva a querer jogar mais, tendo 70% referido estar interessados em eventos e torneios com forte componente social.

Na opinião de Steve Skinner, CEO da KemperSports, "o facto de 89% dos jogadores de golfe terem dito que jogaram o mesmo número de vezes, ou mais em 2022, em comparação com o auge da pandemia, é realmente revelador do estado de desenvolvimento da indústria do golfe. Não há como negar que o jogo cresceu, mas também mudou”.

A crescente popularidade do golfe, aliada às alterações das convenções sociais, da disponibilidade de tempo para o jogo e das preferências dos jogadores por novos e diferentes formatos do jogo, têm que ser devidamente percecionados pelos vários agentes envolvidos no turismo de golfe, para daí serem extraídas as melhores informações que permitam montar um produto que corresponda a uma renovada procura pelo segmento.

Fontes:

Future Market Insights | GGA Partners | Golf Business Monitor | KemperSports  

Mirehie, M. and Cho, I. (2022), "Exploring the effects of the COVID-19 pandemic on sport tourism", International Journal of Sports Marketing and Sponsorship, Vol. 23 No. 3, pp. 527-546.