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Publicação

setembro 15, 2022
Pedro Pereira
ForwardKeys

Turismo mantém previsões de recuperação nas viagens para os próximos meses

turismo internacional

A European Tourism Association (ETOA) dinamizou, em colaboração com a ForwardKeys, um webinar sobre a evolução recente dos fluxos turísticos internacionais, onde foram debatidos três eixos: 

1. Procura de viagens na Europa durante o verão;

2. Próximas oportunidades para as viagens na Europa;

3. Previsões de evolução da procura de viagens para a Europa no próximo outono.

As viagens turísticas continuam a sua recuperação dos níveis historicamente baixos verificados durante o período pandémico, isto apesar do quadro de forte incerteza da situação internacional. A situação de guerra no continente europeu, a alta dos preços da energia e as tendências inflacionistas, tenderão, de alguma forma, a repercutir-se negativamente nos gastos das famílias, tanto na hotelaria, como na aviação comercial.

Procura de viagens na Europa durante o verão

O 1.º semestre de 2022 e especialmente o período de verão revelou uma recuperação das viagens internacionais, fortemente afetadas desde a propagação global da pandemia a partir de março de 2020. Contudo, as chegadas internacionais situaram-se mais de 50% abaixo do primeiro semestre de 2019. Há ainda que notar que a recuperação não se faz por igual em todas as regiões mundiais. Pelo contrário, os níveis de recuperação são muito diferentes, sendo o continente americano o menos afetado e a Ásia-Pacífico, a região como menor recuperação. A Europa ainda registou perdas superiores a 40% no conjunto do semestre e de 30% no verão (figura 1).

Figura 1 – Chegadas internacionais no 1.º semestre e verão de 2022, face a 2019

Fonte: ForwardKeys

Tal como em relação às diferentes regiões mundiais, também no interior da Europa a recuperação não tem ocorrido ao mesmo ritmo para os diferentes destinos.  Os países do Sul têm liderado, de forma clara, a recuperação, de resto, fortemente acelerada no período de verão, com alguns países a conseguirem ultrapassar os níveis pré-pandemia. Portugal foi um dos destinos protagonistas com uma redução inferior a 10%, no conjunto do destino e com o Porto em 4.º lugar (-8%) e Lisboa no 6.º lugar (-14%), entre as cidades mais resilientes da Europa (figura 2).

Figura 2 - Chegadas internacionais em julho e agosto de 2022, face a 2019

Fonte: ForwardKeys

A evolução da pandemia, bem como o seu controlo, designadamente através do processo de vacinação, bem como do aparecimento de novas variantes, foi exigindo diferentes respostas por parte dos governos, no que respeita às restrições às viagens internacionais, muitas vezes sem qualquer coordenação o que aumentava fortemente o grau de incerteza dos viajantes quanto à possibilidade de se poderem deslocar, ou não. Os meses de abril e maio de 2020, em que as fronteiras internacionais estiveram praticamente encerradas marcaram um momento de mínimo histórico na emissão de bilhetes, tendo passado praticamente um ano até que a procura por viagens aéreas tenha voltado a aumentar, para se voltar a aumentar para os níveis atuais próximos dos 70% de bilhetes vendidos face ao mesmo período de 2019 (figura 3).

Figura 3 – Evolução do nível de restrições às viagens internacionais e da emissão de bilhetes de avião face à situação pré-pandémica

Fonte: ForwardKeys

Mas não foram apenas boas notícias que houve durante o verão na Europa e para quem quis viajar. O aumento da procura de viagens, acima das expetativas iniciais, conjugada com a falta de capacidade de resposta imediata das empresas de aviação e das infraestruturas aeroportuárias, conduziu a uma situação de caos em muitos aeroportos, com voos suspensos ou não realizados, esperas prolongadas dos passageiros e perda de bagagens a níveis raramente observados em aeroportos europeus. Esta situação impactou sobre os níveis de confiança de quem pretendia viajar proximamente (figura 4).

 

Figura 4 – Evolução da emissão de bilhetes para viagens aéreas e de procura por notícias sobre “cancelamentos e adiamentos de voos”

Fonte: ForwardKeys

 

Próximas oportunidades para as viagens na Europa

O verão reforçou a procura por voos de longa distância tendo como destino o continente europeu, aproximando muito os níveis deste tipo de procura dos voos intraeuropeus, sendo que as expetativas apontam para que até ao final do ano a recuperação dos voos de longa distância venha mesmo a superar a dos voos com partida e chegada em países europeus (figura 5).

 

Figura 5 – Evolução da emissão de bilhetes para viagens aéreas para destinos europeus, entre janeiro e dezembro de 2022

Fonte: ForwardKeys

A evolução da taxa de câmbio entre o dólar norte-americano e o euro desde meados de 2021 tem tornado a Europa como um destino mais barato para os norte-americanos. A relação entre a evolução da emissão de bilhetes de voos com origem nos Estados Unidos da América e com destino à Europa e da taxa de câmbio progressivamente favorável ao dólar é uma evidência (figura 6).

 

Figura 6 – Bilhetes aéreos emitidos nos E.U.A. com destino europeu

Fonte: ForwardKeys

Outro facto relevante nas viagens de longa distância é a retoma pela opção de multidestinos. A inclusão de dois ou mais destinos era a opção de cerca de 1/3 dos norte-americanos que visitavam a Europa no período pré-pandémico, essa opção de viagem diminuiu nos anos da pandemia e parece estar a recuperar para os níveis anteriores (figura 7).

 

Figura 7 – Bilhetes emitidos para destinos europeus para o período de junho a setembro de 2022, em 26 de abril, face ao período homólogo de 2019

Fonte: ForwardKeys

 

Previsões de evolução da procura de viagens para a Europa no próximo outono

As reservas para o período de outono feitas até ao final de agosto, continuam a evidenciar uma aproximação progressiva ao período homólogo de 2019. Inclusivamente na comparação direta entre diferentes períodos do ano, no outono as perdas serão menores do que as verificadas no verão. A trajetória de recuperação será comum a todas as regiões mundiais, no entanto, merece destaque Africa e Médio Oriente que recuperarão quase na totalidade, face a igual período de 2019, enquanto a Europa reduzirá as suas perdas a 25% (figura 8). 

 

Figura 8 – Chegadas internacionais no verão e outono de 2022, face a 2019

Fonte: ForwardKeys

Na Europa, as reservas já realizadas para o próximo outono evidenciam um conjunto de mercados que aparentam uma forte resiliência no que respeita à vontade de viajar e do gozo de períodos de férias. Três mercados apresentam mesmo variações positivas na procura, mesmo quando comparados com igual período de 2019, Turquia, Croácia e Grécia. Para Portugal as perspetivas apontam para um resultado muito próximo do verificado no outono de 2019, estando apenas 2% abaixo, bastante melhor do que a Espanha com um resultado inferior em 15% (figura 9).

 

Figura 9 – Reservas de voos para o outono, efetuadas até 1 de setembro, face ao período homólogo de 2019

Fonte: ForwardKeys

A recuperação da procura de voos na Europa, que se acentuará durante o outono, passará também pelo aumento da procura do segmento de turismo de negócios, que desde o início do ano, vem paulatinamente consolidando os seus resultados, prevendo-se que no curto prazo venha a estar muito próximo dos níveis de recuperação já apresentados pelas viagens de lazer (figura 10).

 

Figura 10 – Evolução da procura de voos por lazer ou negócios, na Europa, em 2022

Fonte: ForwardKeys

Em conclusão, assume-se que o turismo mundial e com destaque para os destinos europeus está em recuperação dos efeitos devastadores causados pela Covid-19 e que tanto afetaram negativamente o setor do turismo. Entre os destinos europeus a recuperação está a ocorrer a diferentes ritmos, o que se verificou último verão e continuará a verificar no próximo outono, com prevalência dos destinos do Sul da Europa.

Aceda à Gravação do webinar ETOA Insights - Summer season review and looking ahead